segunda-feira, 1 de março de 2021

O QUE TE PARALISA É O MEDO OU A CIRCUNSTÂNCIA?


“Na ausência da ousadia fica o vazio para o medo”. (Paula Silva)

 

Diante de tantos desafios na vida, temos que fazermos uma escolha. Ficarmos parados por medo ou enfrentarmos o próprio medo. Todos os seres humanos tem esse sentimento em escalas maiores ou menores. Porém, ele é necessário até que ocupe a posição de proteção. Mas, existem muitas pessoas impedidas de avançar na vida por conta desse medo que não se ver, mas reflete nas ações e projeções dos seus sonhos.

Para alguns autores como Lacan, ele reformula uma teorização para fobia. Se, para Freud, a angústia de castração à qual remete a fobia denota uma presença excessiva do pai como agente castrador na fantasia da criança. Lacan, pelo contrário, concebe a fobia como sendo da ordem de um apelo por socorro diante de uma insuficiência paterna, ou seja, aquele pai não cumpriu com o seu papel de protetor e, muitas vezes de provedor. A chave para entendermos a conceituação de Lacan quanto à fobia está nas últimas elaborações de Freud com respeito à feminilidade. Nestes textos, Freud coloca que uma das maneiras do sujeito feminino aceder à feminilidade é pela equação simbólica falo-bebê. Ou seja, a maternidade torna-se uma das possíveis vicissitudes da relação da mulher com a falta fálica (falo = o órgão reprodutor masculino) e, neste sentido, a criança vem ao mundo para fantasticamente preencher esta falta da mãe.

A relação pré-edipiana mãe-criança é conceituada por Lacan em termos de uma tríade imaginária. Isto é, na relação da criança a mãe, o falo já se encontra inserido. Esta é abalada a partir do que Lacan denomina “decepção fundamental da criança”, quando ela reconhece que não é o objeto único da mãe, mas o objeto de desejo da mãe é o falo. Ao perceber que a mãe também é privada deste objeto, temos um momento crítico, angustiante, pois diante deste furo da imagem da mãe a criança está sob a ameaça de se tornar cativa das significações maternas. A saída normatizante, que aponta para a neurose, se dá com a entrada da função do pai nesta triangulação mãe / criança / falo, como quarto elemento: o pai como possuidor do falo, aquele que possibilita que a falta do falo assuma seu lugar na ordem simbólica. Nas palavras de Lacan: “Por ocasião de um momento particularmente crítico, quando nenhuma via de outra natureza está aberta para a solução do problema, a fobia constitui um apelo por socorro, o apelo a um elemento simbólico singular”. Isto é, diante de uma insuficiência da função paterna, o objeto fóbico, como elemento simbólico singular, vem exercer a função de complementação com a relação a furo na realidade de uma criança inocente. A função paterna, tão mencionada acima, trata-se do pai real. É este que tem como função transmitir à criança seu lugar na ordem simbólica. É também neste sentido que ele castra a criança, pois é na ordem simbólica que temo a incidência da falta como tal.

É neste contexto, que torna muito importante o desenvolvimento da criança. Além disso, ser respeitado todas as suas respectivas fases, porque poderão deixar marcas que serão gatilhos para o medo. Esse medo pode ser expresso de várias formas, desde as mudanças de comportamento até ao desencadeamento das patologias como: fobias, neurose e psicoses. Muitos que expressam o medo da morte, são na verdade uma desorganização do psiquê na sua fase de desenvolvimento, juntamente com os acontecimentos dentro do seu círculo de convivência.

Entretanto, existe uma outra possibilidade para ser desencadeado o medo. Nas questões da religiosidade muitas imposições acabam liberando gatilhos que estavam amortecidos, mas levam para uma dimensão da obediência irracional, práticas de atos sem significados, interpretações equivocadas, isto é, falta de discernimento espiritual. Porém, o que a palavra divina nos diz é ao contrário. Na bíblia existem 366 vezes a palavra NÃO TENHA MEDO OU NÃO SE ATEMORIZE, portanto, a única forma de eliminarmos o medo é identificando a sua causa, enfrentando o que for necessário, bem como se apropriar das promessas na palavra de Deus que pode mudar qualquer circunstância.

“Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa”. Isaías 41:10

Fonte: André Fhrlich, Vinicius Anciaes Darriba. “Medô Medo”: investigação sobre a fobia em Freud, Lacan e autores contemporâneos a partir de um caso clínico. Ágora (Rio de Janeiro) vol. 16, abril, 2013.


Paula Silva

Instituto Telifá & Automelhoramento

Psicanálise/Biomédica/Dependência Química/Espiritualidade

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