quinta-feira, 12 de agosto de 2021

A LEI DO PERTENCIMENTO APLICADO NO CONTEXTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

“A maior parte das pessoas que sentem falta de vínculos, sentimentos de isolamentos, excesso de estresse têm apresentado como as portas de entradas para o alcoolismo”. (Gabor Maté)

 

Segundo a visão hebraica Yahweh age tanto no lado da bondade do homem, quanto naquele lado animal, que muitas vezes deseja coisas que não fazem muito bem, porém, esse processo da luta contra os vícios pode na verdade lapidar o caráter humano, para transformar a sua identidade, conforme o seu propósito de vida.

Entretanto, o maior desafio para qualquer tipo de vício são as abordagens das pessoas ao redor, bem como dos profissionais que não estão bem preparados para saber lidar com tal situação. Isto é, na grande maioria das faculdades de ensino superior dos cursos das áreas de saúde e educação, não abordam com mais clareza a respeito dos manejos para com aquelas pessoas que estão enfrentando alguns tipos de vícios como: alcoolismo, tabaco, drogas, trabalho, sexo, esportes, enfim a lista é grande. Sendo assim, quando confrontamos com os casos em famílias ou nas comunidades religiosas, também estão totalmente sem respaldo para saber lidar com essas pessoas que, na verdade não são o vício em si, mas enfrentam as consequências que podem ser devastadoras.

O médico canadense Gabor Maté acredita, que precisamos repensar nossa abordagem ao assunto. O especialista e escritor best-seller ficou conhecido por seu trabalho sobre saúde mental com pacientes que sofrem com abuso de substâncias na área central de Vancouver. Essa região da cidade canadense apresenta a maior concentração de uso de drogas na América do Norte. No centro da sua abordagem, está a ideia de que todo vício tem origem em um trauma e nem sempre é possível identifica-lo. Maté elenca, em suas próprias palavras, cinco pontos que nós não entendemos sobre o problema (continuação no instagram e facebook).

1.    Nós não estamos tratando a causa real do problema. A falta de pertencimento pode desencadear um forte sentimento de solidão que levar a buscar algum tipo de vício para preencher esse vazio da alma. Para entender o que leva ao vício, é necessário observar seus benefícios. O que ele faz por você? As pessoas costumam dizer que o vício “oferecia um alívio para a dor, uma saída para o estresse, dava um senso de conexão, uma noção de controle, de significado, a sensação de estar vivo, entusiasmo, vitalidade”. Em outras palavras, o vício preencheu uma necessidade humana que era essencial, mas que não tinha sido satisfeita na vida daquela pessoa. Todos esses estados da ausência de conexão e do isolamento até o estresse no dia a dia eram de dor emocional. Então, o que se deve perguntar sobre a dependência química não é “qual é o vício?” mas sim “qual é a dor? Quando se olha para uma população de dependentes químicos, o que se observa é que quanto mais adversidades na infância, maior o risco de dependência. Então, o vício está sempre relacionado ao trauma e às adversidades na infância o que não significa, que todas as pessoas traumatizadas se tornarão dependentes, mas que todos os dependentes passaram por traumas.

O alcoolismo pode alterar o DNA e fazer as pessoas beberem ainda mais. O tratamento para isso exige muita compaixão, muita ajuda mútua e compreensão, em vez de consequências severas, medidas punitivas e exclusão. Você imaginaria que, com a falha da maioria dos tratamentos, nós tomaríamos consciência e nos perguntaríamos, “será que entendemos de fato essa condição?”. Mas isso não acontece muito no mundo médico. Nós não estamos encarando sua real natureza, como resposta ao sofrimento humano. Não estamos ajudando as pessoas a lidar com seus traumas e resolvê-los. O típico estudante de medicina nos Estados Unidos não participa de uma única aula sequer sobre trauma emocional. Nós continuamos a perguntar “o que está errado com você?”, quando deveríamos perguntar “o que aconteceu com você?”. (BBC, 18.11.19)

“Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Salmos 30:5

Paula Silva

Instituto Telifá & Automelhoramento

Psicanálise/Biomédica/Dependência Química/Espiritualidade

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Email:Paula.biomed1007@gmail.com

 

 

 

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