quinta-feira, 9 de setembro de 2021

COMO CONECTAR A DIMENSÃO PSICOLÓGICA (O HOMEM INTERIOR) AO ESPÍRITO?

 “Se não mudar o que faço hoje, todos os amanhãs serão iguais a ontem”. (Millôr Fernandes)

“Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.

Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.” 2 Coríntios 4:16-18

Contraste na vida cristã: 1) Entre o corpo fraco e o espírito renovado; 2) Entre o presente doloroso e o futuro glorioso; 3) Entre as coisas visíveis, temporárias, as coisas invisíveis, eternas. (Bíblia Shedd)

“Para que, segundo a sua riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior.” Efésios 3:16

Além disso, a alma humana desenvolve suas atividades conscientes em duas dimensões, uma interna e outra externa, para as quais se voltam as suas faculdades: pensamento, cognição, sentimentos, vontade e assim por diante.

A dimensão interna diz respeito a sua autoconsciência, o seu eu presente a si mesmo, o que “somos” momento a momento. Estamos sempre conscientes de nós mesmos, de nossos sentimentos, vontades e pensamentos.  Já externa refere-se às atividades, realizações, problemas, aspirações, relacionamentos que ocorrem no ambiente em que nos encontramos. Estamos sempre conscientes do mundo que nos cerca, de estarmos imersos numa “realidade” exterior a nós com a qual temos que lidar. A todo momento, olhamos simultaneamente para ambas essas dimensões. Nossa alma flutua continuamente entre o nosso mundo interior e o mundo exterior, o presente, as lembranças do passado e as possibilidades do futuro, na busca de suprir suas necessidades fundamentais. Somos, no entanto, fortemente atraídos pela vida exterior, para a qual apelam nossos sentidos físicos que nos impulsionam para as ansiedades, temores e expectativas. Assim, pode acontecer que nossa alma esteja constantemente “ausente de casa”, isto é, fora de contato com seu mundo interior, ou seja, com sua verdadeira identidade. Vivemos num mundo de imagens, sons, sensações, pressões, desafios, necessidades, tentações e aparências. Nossa alma passa a maior parte do tempo investindo sua energia vital em atividades “externas” (carnal), vagando no mundo das possibilidades, envolvida com ansiedades, temores, aspirações, desejos, etc. Logo, haverá um grande desgaste emocional e espiritual na busca de uma “realidade” que nunca está lá, que não podemos alcançar e que não é capaz de suprir nossas necessidades mais fundamentais (Fernando Saboia Vieira, 2017).

Entretanto, quando permitirmos que o Espírito Santo conduz a nossa alma e corpo, logo serão moldados os pensamentos, que geram os sentimentos para depois formularem as ações que, são de acordo com as demandas internas ou externa. Com tudo isso, vai facilitando o diálogo do nosso homem interior com o homem exterior, porque vão ter que aprenderem a conviver juntos até que seja selada a vida de cada pessoa no seu descanso nesta vida. Isto é, o nosso crescimento e amadurecimento acontecem no dia a dia.

Paula Silva

Instituto Telifá – Automelhoramento

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quinta-feira, 2 de setembro de 2021

A AUTOMUTILAÇÃO NA ERA CONTENPORÂNEA: UMA DISFUNÇÃO FAMILIAR?


“Quando a boca fala, o corpo sara”.

O sistema familiar tem passado por fortes pressões na direção das mudanças que possam serem relevantes para essa geração, porém, o maior desafio está na comunicação, pois os indivíduos ainda tem uma certa resistência em expor suas fragilidades, que muitas vezes não estão preparados para interpretar suas próprias dores.

Na visão hebraica diz o seguinte: Quando se trata de tentação ou vício, não se pode ser racional e educado. Você deve ser determinado, implacável e firme. Deve repetir de maneira teimosa e monótona o mesmo “não” muitas e muitas vezes. Jamais abra espaço para uma nuance, negociação ou ambivalência. No momento em que você começa a explicar e justificar seu comportamento, é provável que perca a batalha. Somente depois de um “não” absoluto e não negociável você pode continuar com o argumento intelectual por trás da sua decisão.

A discussão acerca da automutilação se insere, a nosso ver, neste campo de problematizações. Na pesquisa buscamos analisar o estatuto do corpo na sintomatologia contemporânea, destacando marcadamente as operações psíquicas que estão em jogo em alguns quadros clínicos que se apresentam com maior proeminência na atualidade, nomeadamente nas síndromes da anorexia mental (Fortes, 2007; 2008; 2010) e da dor física crônica (Fortes, Winograd & Medeiros, 2015). Tais antecedentes investigativos servem de parâmetros que sustentam o desenvolvimento do presente artigo. A automutilação é um dos enquadres pelo qual buscamos examinar a sintomatologia psicanalítica contemporânea, entendendo-a como um quadro clínico que encena questões fundamentais para a análise do eixo da alteridade e suas repercussões no mal estar da atualidade, mais especialmente relativos à adolescência.

A reflexão sobre a precariedade do campo da alteridade, sobre a ausência de um outro que possa perceber o que ocorre por meio da prática da automutilação, é fundamental para entendermos este modo de dor que se configura na descarga direta de intensidades psíquicas na dimensão do corpo. É sobre este estreitamento da dimensão da alteridade que pretendemos refletir no presente trabalho. Cabe ressaltar que não somente no quadro da automutilação se revela a quebra da experiência da alteridade. Segundo Birman (1999), o excesso de narcisismo e o arrefecimento da relação com o outro constitui-se como marca crucial nas modalidades de padecimento psíquico contemporâneo

Como destino pulsional, a volta da pulsão em retorno a si mesmo expressa aqui a impossibilidade de enunciação de intensidades e o predomínio automutilatório de si mesmo. Neste contexto, o ato contra si mesmo denuncia a rasura nos destinos dos investimentos psíquicos. Nesta mesma linha de investigação, Birman (2012), em seu livro O sujeito na contemporaneidade, diferencia sofrimento e dor, indicando essa como um traço característico dos padecimentos atuais e inserindo-a em um espaço de ausência da mediação do outro. Com efeito, uma marca pregnante dos padecimentos atuais é o fato de se expressarem por meio da dor, a expensas da experiência de sofrimento.

Nesse texto, Freud (1895/1976) apresenta, claramente, a fundamental necessidade da presença do outro no processo de constituição do sujeito psíquico. A partir da concepção de um desamparo inerente a condição humana, tem-se no texto de 1895, a clara referência à implicação dos movimentos alternados de ausência e presença do outro primordial para a instauração de recursos de enfrentamento e metabolização da dor, ou seja, das intensidades psíquicas experimentadas. Estes recursos são intrínsecos à singular forma do sujeito administrar suas vicissitudes pulsionais.

Nesta direção, além de abordar as diferenças entre dor e sofrimento, Birman (2012) apresenta dois outros traços psíquicos que caracterizam o registro do sujeito nos sofrimentos contemporâneos, quais sejam, o desalento e o espaço. O primeiro se diferenciaria da experiência subjetiva do desamparo, noção desenvolvida por Freud em vários de seus ensaios além do texto de 1895, e o segundo se materializaria nos dias de hoje às custas da dimensão do tempo. Somos hoje, segundo Birman (2012), mais inscritos subjetivamente nas esferas espaciais do que nas ordens temporais ou históricas.

“Quem é cuidadoso no que fala evita muito sofrimento”. Provérbios 21:23

Fonte: Psicogente, 20 (38): pp. 353-367. Julio-Diciembre, 2017. Universidad Simón Bolívar. Barranquilla, Colombia. ISSN 0124-0137 EISSN 2027-212X http://revistas.unisimon.edu.co/index.php/psicogente.

Rabino Yosef Y. Jacobson é editor de Algemeiner.com, um site de notícias e comentários judaicos em inglês e yidish. Rabino Jacobson também faz palestras sobre ensinamentos chassídicos, sendo muito popular e bastante procurado. É autor da série de fitas “Um Conto Sobre Duas Almas”.

Paula Silva

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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

OS EFEITOS MULTIGERACIONAIS COMO LEGADO NA VIDA DOS SERES HUMANOS

 

“Assim como uma matriz computacional captura informações, para transformar em um novo conhecimento, assim também ocorre dentro das relações familiares”.

O contexto na qual estamos inseridos no mundo de hoje, temos que repensarmos a nossa postura para não repetirmos algumas falhas no sistema familiar. No entanto, na visão hebraica. A família cumpre, atualmente, funções decisivas nos campos cruciais para o ser humano e a sociedade. É a principal unidade de saúde preventiva da sociedade. A atenção e cuidado com a criança na primeira infância são centrais para os níveis de saúde futuros de toda a sua vida. O desempenho educativo de crianças vindo de lares onde os pais apoiam e acompanham seus estudos é muito melhor do que o das crianças provenientes de lares enfraquecidos, desarticulados ou pouco responsáveis. O modelo de pensamento, análise e discussão recebidos no lar afetam profundamente o desenvolvimento de habilidades intelectuais importantes no mundo de hoje, como as do pensar independente e criativo. As pesquisas determinaram que o tipo de relação pai e mãe tende a ser reproduzido nos lares dos filhos. Entre outros aspectos, determinou-se que os maridos que praticam a violência doméstica, uma aberração muito frequente no mundo atual, provêm em um percentual altíssimo de lares onde viram seus próprios pais agir desta forma.

De acordo com Maurízio Andolfi, com uma visão multigeracional como uma rede relacional de papel tri geracional, que leva em conta a dimensão histórica evolutiva do sistema familiar. Considera importante a história pessoal dos indivíduos, mas também a de seus pais e a das relações que estes mantêm entre si, e com suas famílias de origem. Sendo assim, quanto mais as relações da família de origem se encontram isentas de elementos conflituosos não resolvidos, mais a escolha de um parceiro é livre. Assim, ao se considerar a família de origem como um modelo de aprendizagem, pode-se pensar nas relações nela desenvolvidas exercendo forte influência sobre as relações íntimas atuais. Nessa perspectiva, em cada casal não existem apenas um homem e uma mulher unidos, mais dois sistemas familiares. É do encadeamento das histórias pessoais dos parceiros que se cria uma nova família.

Já os conceitos de MANDATO OU LEGADO FAMILIAR proposto por Stierling para descrever o modo como os pais designam um papel e deveres para os seus filhos. Segundo o autor este mandato representa o traço de união entre o mito familiar e a maneira como irá se expressar pelas expectativas de cada membro da família e, principalmente, pelo intermédio dos pais. As relações atuais se enraízam nas famílias de origem de cada um; elas são sobrecarregadas pelo peso das ligações com as gerações passadas e das quais os indivíduos nelas envolvidos não têm consciência. Logo, é nossa responsabilidade fazermos uma boa filtração dos nossos costumes, vícios, doenças, sucessos, e tantas outras coisas que acontecem dentro dos núcleos familiares. Nós temos como ressignificarmos tudo que não foi funcional, mas potencializarmos aquilo que foi uma âncora como valores, crenças saúde e bem estar mental.

“Que todas as palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar”. Deuteronômio 6:6-7  

 

Fonte: PUC-RIO – Certificação Digital – 0812176/CA

www.morasha.com.br/Acesso: 26.08.2021.

Paula Silva

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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

OS SEUS PENSAMENTOS CRIAM A SUA REALIDADE PROMOVENDO CURA INTERIOR

 

“A sua imaginação poder gerar uma ilusão ou uma realidade para viver com liberdade”.

Na visão hebraica rabínica, a verdadeira paz não é conquistada fugindo dos seus problemas familiares, das suas limitações financeiras, dos seus problemas de saúde, mas ao contrário, esse é o momento de proporcionar uma ressingnificação nas conexões daquilo que está fora do contexto de normalidade e equilíbrio. Pois Deus/Yahweh se agrada dessa união entre o infinito com o finito, o descanso e o esforço absoluto, para haver as mudanças de crenças dentro desses processos, que nos leva ao crescimento e amadurecimento continuamente.

Você conhece a sua força interior? Começaremos a nossa jornada falando de como a sua vida é importante, e para isso, vou te mostrar que a autoconfiança é algo que você precisa estabelecer como uma prioridade em sua vida e ela será uma de suas bases. Você sabia que a autoconfiança é construída? Exatamente isso, ela não é algo que você tem, é algo que você precisa desenvolver e pode criá-la a qualquer momento! Ninguém é super confiante o tempo todo, você precisa desejar ter autoconfiança e se esforçar na busca deste sentimento. De todas as pessoas que conheço em algum momento elas se sentiram abatidas precisando reorganizar os pensamentos e as suas atitudes. Pouco importa se você tem pouca auto confiança ou quase nenhuma, vamos começar agora mesmo essa transformação! O que importa aqui, é o que você precisa fazer para criar esse sentimento. O primeiro passo será: comandar o seu cérebro e seu corpo para terem ações para que essas mudanças aconteçam. Silencie e perceba quanto dessa força existe em você. Quantas vezes você se culpou pela falta de autoconfiança quando desistiu? Se sentir autoconfiante é um estado da sua mente, criado pelas reações fisiológicas do seu corpo. Mostrar sua coragem, determinação e autoconfiança só depende de você e de mais ninguém (Pablo Marçal).

Esse fato aconteceu em Atlanta, em que a mãe se chamava Ângela Cavallo. O macaco que segurava o carro acabou cedendo e caiu em cima do seu filho. O mais incrível é que a mãe de 51 anos com apenas 65 quilos, conseguiu levantar o carro que pesava mais ou menos uma tonelada, só para salvar seu filho. De acordo com os especialistas, ela teve uma descarga de adrenalina e por isso conseguiu levantar tanto peso. A sua mente é como uma terra fértil, seus pensamentos são as sementes e, a sua vida é o resultado dessa plantação. Se você confiar verdadeiramente em você e na sua capacidade, você irá vencer qualquer desafio, como o exemplo da senhora Ângela. Existem algumas atividades, que podem comprovar essa mudança de estado na mente humana através dos comportamentos físicos. Por exemplo: eu sempre indico que você comece pelo banho gelado, na verdade o nome não é banho gelado, é banho natural, pois a temperatura da água vai depender da estação do ano e o local onde você se encontra. Com isso você já começa a comandar o seu cérebro, impondo a ele coisas que ele não quer fazer, essa é uma das maneiras de ditar as regras de forma consciente e dar o direcionamento de onde você quer chegar. São muitos os benefícios do banho natural e vou compartilhar alguns com você: constrói força de vontade e disposição, melhora a resistência emocional, reduz o estresse, melhora a sua pele e cabelo, aumenta a testosterona, aumenta a imunidade, ajuda na recuperação muscular, melhora a circulação e teria ainda inúmeros outros benefícios, mas acredito que estes já são suficientes para encorajar você a começar hoje essa prática. Não sei se você já percebeu como um simples sorriso pode mudar seu o estado interior? Comprove isso na próxima oportunidade que estiver bem irritado ou, em meio a uma discussão com alguém experimente sorrir; é automática a interferência na mente, no seu modo de pensar, sentir e agir (Pablo Marçal).

Uma outra estratégia para mudar o rumo das nossas inquietações, são as boas obras que podem promover a saúde e bem estar na vida dos indivíduos atuantes. As boas ações são bênçãos duplas, beneficiando tanto o que pratica como o que é objeto da bondade. A consciência de proceder bem é, um dos melhores medicamentos para os corpos e as mentes enfermas. Quando a mente está livre e satisfeita por um sentimento de dever cumprido e o prazer de proporcionar felicidade a outros, acaba influenciando vida em todas as dimensões dos seres humanos. (A Ciência do Bom Viver, 257).


Salmos 147:3 - “Só ele cura os de coração quebrantado e cuida das suas feridas”.

Fonte: Pablo Marçal. O destravar da inteligência emocional como hackear o seu cérebro.

Ellen G. White. Mente, Caráter e Personalidade, p. 38.

 

Paula Silva

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quinta-feira, 12 de agosto de 2021

A LEI DO PERTENCIMENTO APLICADO NO CONTEXTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

“A maior parte das pessoas que sentem falta de vínculos, sentimentos de isolamentos, excesso de estresse têm apresentado como as portas de entradas para o alcoolismo”. (Gabor Maté)

 

Segundo a visão hebraica Yahweh age tanto no lado da bondade do homem, quanto naquele lado animal, que muitas vezes deseja coisas que não fazem muito bem, porém, esse processo da luta contra os vícios pode na verdade lapidar o caráter humano, para transformar a sua identidade, conforme o seu propósito de vida.

Entretanto, o maior desafio para qualquer tipo de vício são as abordagens das pessoas ao redor, bem como dos profissionais que não estão bem preparados para saber lidar com tal situação. Isto é, na grande maioria das faculdades de ensino superior dos cursos das áreas de saúde e educação, não abordam com mais clareza a respeito dos manejos para com aquelas pessoas que estão enfrentando alguns tipos de vícios como: alcoolismo, tabaco, drogas, trabalho, sexo, esportes, enfim a lista é grande. Sendo assim, quando confrontamos com os casos em famílias ou nas comunidades religiosas, também estão totalmente sem respaldo para saber lidar com essas pessoas que, na verdade não são o vício em si, mas enfrentam as consequências que podem ser devastadoras.

O médico canadense Gabor Maté acredita, que precisamos repensar nossa abordagem ao assunto. O especialista e escritor best-seller ficou conhecido por seu trabalho sobre saúde mental com pacientes que sofrem com abuso de substâncias na área central de Vancouver. Essa região da cidade canadense apresenta a maior concentração de uso de drogas na América do Norte. No centro da sua abordagem, está a ideia de que todo vício tem origem em um trauma e nem sempre é possível identifica-lo. Maté elenca, em suas próprias palavras, cinco pontos que nós não entendemos sobre o problema (continuação no instagram e facebook).

1.    Nós não estamos tratando a causa real do problema. A falta de pertencimento pode desencadear um forte sentimento de solidão que levar a buscar algum tipo de vício para preencher esse vazio da alma. Para entender o que leva ao vício, é necessário observar seus benefícios. O que ele faz por você? As pessoas costumam dizer que o vício “oferecia um alívio para a dor, uma saída para o estresse, dava um senso de conexão, uma noção de controle, de significado, a sensação de estar vivo, entusiasmo, vitalidade”. Em outras palavras, o vício preencheu uma necessidade humana que era essencial, mas que não tinha sido satisfeita na vida daquela pessoa. Todos esses estados da ausência de conexão e do isolamento até o estresse no dia a dia eram de dor emocional. Então, o que se deve perguntar sobre a dependência química não é “qual é o vício?” mas sim “qual é a dor? Quando se olha para uma população de dependentes químicos, o que se observa é que quanto mais adversidades na infância, maior o risco de dependência. Então, o vício está sempre relacionado ao trauma e às adversidades na infância o que não significa, que todas as pessoas traumatizadas se tornarão dependentes, mas que todos os dependentes passaram por traumas.

O alcoolismo pode alterar o DNA e fazer as pessoas beberem ainda mais. O tratamento para isso exige muita compaixão, muita ajuda mútua e compreensão, em vez de consequências severas, medidas punitivas e exclusão. Você imaginaria que, com a falha da maioria dos tratamentos, nós tomaríamos consciência e nos perguntaríamos, “será que entendemos de fato essa condição?”. Mas isso não acontece muito no mundo médico. Nós não estamos encarando sua real natureza, como resposta ao sofrimento humano. Não estamos ajudando as pessoas a lidar com seus traumas e resolvê-los. O típico estudante de medicina nos Estados Unidos não participa de uma única aula sequer sobre trauma emocional. Nós continuamos a perguntar “o que está errado com você?”, quando deveríamos perguntar “o que aconteceu com você?”. (BBC, 18.11.19)

“Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Salmos 30:5

Paula Silva

Instituto Telifá & Automelhoramento

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quinta-feira, 5 de agosto de 2021

A VISÃO PSICANALÍTICA DO PICHON-RIVIÈRE NO CONTEXTO DOS GRUPOS OPERATIVOS DE APRENDIZAGEM

 “Um corpo saudável não é apenas ter ausência das doenças, mas a harmonia que ocorre entre o corpo, a mente, a alma, o Espírito, bem como no seu meio social”.

A psicanálise como uma ciência psico-social, tem apresentado um diferencial na soma desse conhecimento, com as experiências multiculturais e interdisciplinares no contexto dos Grupos Operativos de Aprendizagem. Entretanto, essa teoria não se limita apenas nas dimensões patológicas, mas também na prevenção das doenças psíquica como: ansiedade, solidão, pensamento suicida, depressão, medo, carências, frustrações más elaboradas, vícios (álcool, drogas, tabaco, pornografia, medicamentos...), e assim por diante. Porém, os Pequenos Grupos/Células das instituições religiosas, os grupos de áreas afins para discursões dos assuntos dos interesses pessoais ou profissionais, acabam desempenhando um papel importante nessa direção, pois, eles funcionam como um conhecimento empírico, que podem contribuir nos processos dos ajustes psico-social dos seus integrantes.

Sendo assim, é quase impossível pensar nas ideias de inclusão e de cidadania sem a compreensão dos mecanismos inconscientes dos diferentes grupos que formam as sociedades. Vale lembrar que cada sujeito pertence simultaneamente a diferentes grupos formais e informais, portanto, são confrontados com uma pluralidade de identidades ao longo das suas vidas. Pluralidade que pode trazer crescimento, mas também conflitos.

Os processos de formação e funcionamento de um grupo em tarefa, e as grandes dificuldades encontradas na organização, inquietaram o psiquiatra e psicanalista argentino Pichon-Rivière (1907-1977), considerado por muitos o maior analista latino-americano. Ele orientou seus estudos, seminários, cursos e conferências para diversas formas de práticas de grupos, desde a criação em 1947 do que ele chamava grupo “em tarefa”, ou “grupo operativo”, que procurava responder às duas angústias fundamentais da vida social: o medo da perda, isto é, perder o que já se tem; o temor do ataque, ou seja, o temor frente ao desconhecido. Com seu magistério, Pichon-Rivière exerceu enorme fascínio sobre seus discípulos e contemporâneos, principalmente no que diz respeito aos jovens estudantes da Escola de Psicologia Social, fundada por ele em 1959 na cidade de Buenos Aires.

Já em 1955, Pichon-Rivière e o psicanalista francês Jacques Lacan (1901-1981) se conheceram e se aproximaram. Ambos tinham grande apreço pelo surrealismo. Lacan recebeu em sua casa Pichon em companhia do poeta surrealista Tristan Tzara (1896-1963). Depois, o psicanalista francês apresentou o argentino ao poeta e teórico do surrealismo André Breton (1896-1966). Pichon foi responsável pela introdução do lacanismo em seu país. Por sua vez, Pichon interessou-se pelos dois grandes escritores da modernidade literária que exprimiram, por meio de sua escrita poética, a ideia de mudar o homem a partir da fórmula “eu é um outro”: Arthur Rimbaud (1854-1891) e Lautréamont (1846-1870). Interessando-se tanto pela medicina, como pela poesia e pela política, os trabalhos de Pichon contribuíram para estabelecer uma ligação entre as duas vias de implantação da psicanálise na Argentina: a via literária (cultura, educação) e a via terapêutica (psicologia, psiquiatria).

Além disso, o manejo dos grupos restritos (até 25 pessoas) é parte do trabalho de vários profissionais nos dias de hoje no contexto do ensino e aprendizagem. Porém, para o manejo em Grupos Operativos Terapêuticos deve ser de 10 a 15 pessoas. Para proporcionar um ambiente de crescimento, amadurecimento, autopercepção e bem estar dos integrantes. Esse tipo de trabalho nos remete a concepções mais ou menos conscientes sobre o estar humano em conjuntos e sobre os modos e objetivos de intervenções nesses conjuntos. Eles têm como proposta apresentar os conceitos centrais que instrumentalizem uma ação e uma reflexão sobre os grupos. As ideias centrais vêm da teoria do médico psiquiatra Pichon-Rivière.

Nessa corrente gostaríamos de destacar o campo das teorias psicanalíticas de grupo (KAËS, 1993, 1999, 2007) cuja apresentação constitui um importante subproduto do texto ao estabelecer diálogos entre diferentes pesquisadores de influência psicanalítica. As referências a Kurt Lewin, à Gestalt e à dialética são também importantes na medida em que contribuem para o estabelecimento de outros diálogos.

Lei fundamental da dialética: A dialética postula que a realidade é contraditória em si e que os contrários se interpenetram, sendo impossível dividir uma unidade de análise de modo a eliminar a contradição. Disso decorre a negação da visão platônica de que a verdade seria a superação das contradições do mundo sensível, bem como uma opção ao formalismo aristotélico.

Lei da negação da negação: Aceitar o caráter universal da contradição não significa abrir mão de elaborar suas manifestações particulares. De fato, pela dialética, quando um par antitético aparece, essa contradição pede uma resolução, resolução esta que não será um meio-termo do par antitético, mas algo que o substitua em um “nível mais elevado”. O verbo que Hegel utiliza em alemão é aufheben, que possui o significado de negação, de conservação e de elevação a um nível mais alto (ARANHA, 1993, p. 89; e também segundo o dicionário LANGENSCHIEDTS, 1999). Assim, temos uma tese (A), uma antítese (não A) e algo que supera essa contradição, ao qual poderíamos chamar síntese, ou superação, ou ainda ultrapassagem, e representar pela letra B, para fins didáticos.

Lei da transformação da quantidade em qualidade: Um outro modo de descrever a superação é dizer que ela representa uma mudança de qualidade, e não só de quantidade, no processo. Instala-se assim uma ruptura, o par antitético que organizava a vida psíquica do grupo pode ser deixado para trás de modo que o grupo venha a ser organizado por um novo par. Esses são os momentos representados pela curva ascendente no modelo da espiral de Pichon-Rivière. Um exemplo bastante utilizado para a explicação desta lei é o da fervura da água. A água é esquentada progressivamente, o que podemos pensar como aumentos de quantidade, até atingir os 100 ºC, quando entra em ebulição, passando do estado líquido para o gasoso, o que representa uma mudança de qualidade.

 Noção de Saúde

A dialética é movimento, a enfermidade é a negação desse movimento. O movimento dialético, tal como vimos descrevendo nos grupos, pode ser interrompido, dando origem ao que Pichon-Rivière chama de estereotipia. A saúde psíquica, como Bleger afirma em Psicohigiene y Psicología Institucional (1999a), não deve referir-se somente à ausência de patologias, mas é também tributária do movimento da espiral dialética. Fazer com que os papéis circulem dentro do grupo, superar as estereotipias, gerar novas possibilidades de compreensão: essas são as formas que assume a promoção da saúde dentro do grupo operativo. Mas o que leva à paralisação da espiral? Para Pichon-Rivière é a fantasia inconsciente que impede o desenrolar do processo. Fantasia inconsciente que remeteria, em última análise, a angústias depressivas e paranoides relativas à mudança. As depressivas existiriam porque todo salto qualitativo da dialética implica a perda de uma situação anterior (e de um tipo de vínculo com o mundo construído nela); as paranoides, porque entramos em uma situação psiquicamente nova, para a qual não nos sentimos preparados.

Assim, a visão de saúde de Pichon-Rivière pressupõe uma ação humana em que figurem integradamente o sentir, o pensar e o agir. Só quando há essa integração é que se pode falar de tarefa. Sublinha-se ainda que, na visão pichoniana, como Bleger já havia aludido antes, o natural seria a integração dessas esferas, sendo a dissociação um mecanismo de defesa acionado para a proteção contra as angústias que circulam entre elas. É nesse registro, da “alienação” ou fragmentação do membro do grupo, que se coloca o problema pichoniano da “impostura”. Como define o próprio autor:

Se o grupo trabalha de modo a permitir o aparecimento e a superação das contradições tanto em seus aspectos racionais quanto emotivos o coordenador não tem necessidade nenhuma de intervir. Entretanto, se o grupo fica preso em um certo nível da espiral, se não é possível a superação dialética, ou seja, se há uma paralisia do movimento no grupo, espera-se que uma intervenção do coordenador possa ajudar a restabelecer o ciclo dialético. Lembramos que Pichon-Rivière acredita que as fantasias inconscientes seriam os obstáculos a esse movimento; nessa perspectiva, a explicitação dos conteúdos latentes seria uma forma privilegiada de atuação do coordenador. No entanto, o que caracteriza a intervenção adequada é seu caráter operativo, ou seja, a possibilidade de restituir o movimento dialético ao grupo, independentemente do modo ou conteúdo da intervenção.

Pichon-Rivière começou a trabalhar com grupos na medida em que observou a influência do grupo familiar em seus pacientes. Sua prática psiquiátrica esteve subsidiada principalmente pela psicanálise, pela filosofia e pela psicologia social. Para o autor, o objeto de formação do psicanalista devia instrumentalizar o sujeito para uma prática de transformação de si, dos outros e do contexto em que estavam inseridos. Aprender em grupo significava conviver com uma leitura criativa e crítica da realidade, uma atitude investigadora, uma abertura para as dúvidas e para as novas inquietações.

“Sirvam aos seus senhores de boa vontade, como servindo ao Senhor, e não aos homens, porque vocês sabem que o Senhor recompensará cada um pelo bem que praticar, seja escravo, seja livre”. Efésios 6: 7-8

Fonte: www.revistaeducacao.com.br/2017/11/01. Acesso: 05.08.2021.

Pablo Castanho. UMA INTRODUÇÃO AOS GRUPOS OPERATIVOS: TEORIA E TÉCNICA. Revista do NESME, v.9, n. 1, pp 1-60, 2012.

 

Paula Silva

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quinta-feira, 29 de julho de 2021

COMO A CRISE EXISTENCIAL PODE GERENCIAR A SUA ANSIENDADE?


“Uma imaginação que divaga sem ter um porto seguro, pode atropelar as oportunidades que poderia se apoiar”.

 

O mundo está em uma verdadeira convulsão, devido a transformação na cosmovisão, que pode delinear uma nova dimensão das nossas percepções e estratégias, para um bom enfrentamento das situações adversas, que estamos encontrando nos nossos caminhos a cada dia.

Hoje vamos compartilhar uma pequena experiência na visão hebraica, como uma forma de traduzir para a nossa realidade essa sensação de angustia universal, isto é, as crises existenciais na vida dos seres humanos.

Em primeiro lugar devemos entender que somos seres dotados por uma capacidade incrível de inteligência, desejos, anseios, os sentidos responsáveis por captarem as ações e reações internas, bem como tudo que estar ao nosso redor. Sendo assim, é natural que tenhamos alguns questionamentos que poderão causar desconforto, medo, frustração, desânimo, incredulidade...

Então, como podemos administrar todos esses sentimentos? Entendendo que podem surgirem perguntas no nosso íntimo como:

De onde viemos?

Por que estamos aqui neste mundo?

Qual é o meu papel aqui?

Por que existem tanto sofrimento no mundo?

O que estar além da morte?

Quem de verdade comanda este universo?

Todos os seres humanos almejam o sentido da vida. Na adolescência é a fase que mais confrontam esses tipos de indagações, porém, podem ocorrerem a qualquer momento das nossas vidas. Talvez seja por esta razão, que muitos tenham tantas dificuldades de tomar decisões próprias, se permitindo viver na dimensão maria vai com as outras. Nós somos um ser complexo, cheios de paradoxos.

Segundo a visão cabalística rabínica (Rabino Dudu). Os 40 anos do povo judeu no deserto não foi apenas uma punição, mas um processo de mudanças da mentalidade, bem como um tempo para a auto reflexão sobre as suas vidas. Eles tinham um alimento especial o “maná”, entretanto, esse alimento tinha um grande mistério. O povo comia todos os dias o mesmo alimento, mas chegou uma hora que eles odiaram, e começaram a pedir a dieta do Egito. Por que eles não se contentaram com aquele alimento?

Segue algumas características do maná:

1)    Ele não engordava;

2)    Ele não produzia resíduos (fezes);

3)    Ele tinha uma cor branca brilhante como algo muito especial;

4)    Também era uma comida grátis;

5)    O “maná” tinha todos os sabores (trazendo para a nossa realidade como se fosse o sabor de pizza, hamburger, sushi, churrasco, comida vegetariana, vegana...).

Essa era a maior novidade de vida, mas o povo reclamou do maná. Por que uma comida tão especial, poderia deixar o povo judeu tão insatisfeitos? Qual era o problema do maná? No Talmud dar duas possíveis respostas:

1)    Não dava para ver o que estavam comendo, isso deixavam as pessoas com a sensação de barriga vazia, porque não estavam vendo a comida que desejavam comer.

2)    Eles não poderiam guardar para o dia seguinte.

O fato deles ficarem na agonia sem saber se teria comida no dia seguinte, eles não conseguiam saborear aquela comida que estava no prato.

Agora trazendo para as nossas realidades. Infelizmente, hoje tudo tem aparentemente uma explicação, inclusive o próprio homem, a religião, a espiritualidade e assim sucessivamente. Nós estamos preferindo explicações pobres, superficiais, acreditando na evolução a partir de uma explosão, quaisquer explicações em nome da ciência, isso tudo pode fomentar os olhos e o intelecto humano, porém, não poderão alimentar a ALMA. Logo, mesmo que a ciência trousse todas as respostas para os nossos questionamentos, isso não responderia as crises existenciais. Sabe por quê? Tudo o que pode ser guardado, quer seja na cabeça (intelecto), na barriga (alimento), e no seu bolso (dinheiro). Vão te trazer uma satisfação momentânea. Mas, quando você matar a sua fome ESPIRITUAL, isso vai te proporcionar uma sensação de satisfação e gratidão. Os profetas já diziam: “haverá um tempo que não teriam fome de comida, nem de bebida, nem de explicações científicas, filosofia, ideologias, mas uma fome da ALMA/ESPÍRITO. Mesmo que você seja uma pessoa que tenha uma alta cultura, ler bastante, mas no fundo a tua sede estar neste espaço vazio da sua ALMA.

Você sabe quem é o seu maior aliado?

As tuas dúvidas, os teus paradoxos, os teus mistérios, a tua busca insaciável da sua vida. Isso se aplica em uma dimensão que se chama: A ANSIEDADE POSITIVA, ela é quem te move para construir a sua vida. Ela é a nossa gasolina para mover os nossos sonhos e realizações.

Declarou-lhes, pois, Jesus: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede”.

  Paula Silva

Instituto Telifá & Automelhoramento

Psicanalista/Biomédica/Dependência Química/Espiritualidade

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