“Os ritmos biológicos processam as atividades para harmonizarem o corpo, a alma, a mente e o espírito”.
Todas as
atividades biológicas são respostas de uma sincronia bioquímica, emocional,
mental que, elaboram os caminhos para as ativações dos processos dos sistemas
do corpo humano. Sendo assim, vamos destacar o papel de uma glândula que é
responsável pela o controle da qualidade do sono, bem como do desempenho energético
e hormonal.
A glândula
pineal era considerada um órgão vestigial até que, em 1958, Lerner e
colaboradores enfim isolaram sua principal secreção, a melatonina. Desde
então, extensas investigações têm sido feitas para caracterizar a função dessa
substância no organismo. A melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina), é o
principal produto de secreção da pineal, embora também seja produzida em outros
locais (como retina e até mesmo o intestino) em concentrações bem mais baixas.
Conhecida também como “hormônio da escuridão”, é uma indolamina produzida a
partir da metabolização da serotonina, sendo que essa síntese é inibida
pela luz. Devido a essa regulação luminosa, o principal papel da melatonina é
ditar o ritmo circadiano do organismo, uma vez que seus níveis informam ao meio
interno se é dia ou noite; ainda, de acordo com as características de seu
perfil plasmático, sinaliza também qual a estação do ano ao indicar as mudanças
no tempo de luz e escuridão (como as noites mais longas no inverno). Essa
modulação sazonal possui grande importância em animais que hibernam ou cujas
características reprodutivas se relacionem à estação. A menor luminosidade do
inverno propicia uma maior secreção de melatonina, que por sua vez suprime a
secreção de hormônio gonadotrópico em algumas espécies de animais durante o
período; com o gradual aumento da luminosidade no decorrer da estação, a
inibição promovida pela pineal vai perdendo força, preparando esses animais
para a atividade reprodutiva na primavera (HALL, 2011). Em seres humanos também
já se demonstrou a participação da melatonina na modulação das funções
reprodutivas. A puberdade coincide com um declínio nos níveis de melatonina; além
disso, crianças que, por algum motivo, apresentam disfuncionalidade da pineal
desenvolvem quadro de puberdade precoce. Na clínica corrente, observa-se que
crianças com lesões na pineal são acometidas por puberdade precoce, graças à
desrepressão da melatonina sobre as glândulas sexuais.
Para
se compreender a relação da melatonina com o sono, estado fundamental para
renovação celular, detoxificação do organismo, consolidação da memória, é
importante esclarecer a fisiologia deste processo biológico. Existem 2 padrões
de sono que foram determinados por análises eletroencefalográficas (EEG),
eletrooculográficas (EOG) e eletromiográficas (EMG), sem movimentos oculares
rápidos (NREM) e com movimentos oculares rápidos (REM). O sono NREM é
subdividido em 4 estágios que variam da sonolência superficial (I) até a sua
fase mais profunda (IV), em que é observado um aumento progressivo de ondas
lentas ao EEG. Ele se inicia com a fragmentação do ritmo α, que ocorre durante
o estado de vigília. A transição vigília sono inicia após um período de
latência, cuja duração varia conforme o estado de "cansaço" do
indivíduo. A medida com que as ondas α vão desaparecendo, inicia uma atividade
mista de ondas φ (4 a 7 ciclos/ s) e β (> 13 ciclos/ s).
Com o
aprofundamento para o estágio II, as ondas δ tornam-se mais frequentes e surgem
os "fusos do sono" uma atividade rítmica de 12 a 14 ciclos/s. Surgem
também os "complexos K", formados por ondas lentas bifásicas de alta
amplitude e os POSTS (positive occipital sharp transients of sleep: elementos
transientes positivos agudos occipitais do sono), fase mais profunda do sono
NREM. Caracterizam este estágio: relaxamento muscular com tonicidade basal,
redução dos movimentos corporais, aumento das ondas lentas no EEG, com funções
cardiorrespiratórias normais. Cerca de 90 minutos após, ocorre o primeiro
episódio de sono REM, ou sono paradoxal, com duração de 510 minutos. Ele é
caracterizado por um padrão de atividade cerebral semelhante ao do estado de
vigília, com ondas rápidas e de baixa voltagem as "ondas em dente de
serra". Estas apresentam atividade rítmica entre a faixa δ e a faixa φ. O
termo "paradoxal" se deve ao padrão eletroencefalográfico semelhante
a vigília, apesar de ser o estágio de sono profundo com maior dificuldade em
despertar; e a hipo ou atonia muscular, associada a movimentos fásicos e
mioclonias multifocais em face e membros, além da emissão de sons.
Diferente do que se postulava antigamente, o sono REM não é um estado de
repouso absoluto que visa à economia energética. Pelo contrário, a atividade
metabólica encefálica encontra aumentada, o que provavelmente relaciona-se a
mecanismos de reparo celular. Os globos oculares sofrem abalos amplos e
multidirecionais os "movimentos rápidos". Ocorrem irregularidades no
padrão respiratório bradipneia, taquipneia e pausas inferiores a 10 segundos e
cardíaco. É neste estágio que acontecem os sonhos, considerados uma
manifestação de conteúdo em forma de enredo que envolve todas as funções
sensoriais (Kasecker & Nunes, 2017).
A glândula
pineal é conhecida como “terceiro olho”, devido à sua localização na parte
central do cérebro, entre as sobrancelhas e também pela sua sensibilidade à
luz. Além disso, a glândula pineal é considerada por algumas tradições
esotéricas um meio de contato com o mundo espiritual, “o olho que tudo vê”. Já no
Séc. XVII, o filósofo René Descartes defendia que a glândula pineal seria a “morada
da alma” no corpo.
“Porque as
armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para
destruição das fortalezas. Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se
levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativos todo o entendimento à
obediência de Cristo (2 Coríntios 10: 4-5)”.
Luísa
Silva Nangi dos Santos, Lucas Silva Nangi dos Santos, Luciano Silva Nangi dos
Santos, Maria Clara Nangi dos Santos e Silva, Diego Rodrigues Naves Barbosa
Lacerda. A glândula pineal: interface entre ciência e espiritualidade. SANTOS,
L. S. N. et al., et al (online).
Fernanda
G. Kasecker, Carlos P. Nunes. Melatonina e glândula pineal. Revista da
Faculdade de Medicina de Teresópolis V.1 / N.1 (2017).
Paula Silva
Instituto Telifá & Automelhoramento
Psicanálise/Biomédica/Dependência
Química/Espiritualidade
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