quinta-feira, 24 de junho de 2021

UM SONO REPARADOR PARA EVITAR A DOR

 

“Os ritmos biológicos processam as atividades para harmonizarem o corpo, a alma, a mente e o espírito”.

 

Todas as atividades biológicas são respostas de uma sincronia bioquímica, emocional, mental que, elaboram os caminhos para as ativações dos processos dos sistemas do corpo humano. Sendo assim, vamos destacar o papel de uma glândula que é responsável pela o controle da qualidade do sono, bem como do desempenho energético e hormonal.

A glândula pineal era considerada um órgão vestigial até que, em 1958, Lerner e colaboradores enfim isolaram sua principal secreção, a melatonina. Desde então, extensas investigações têm sido feitas para caracterizar a função dessa substância no organismo. A melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina), é o principal produto de secreção da pineal, embora também seja produzida em outros locais (como retina e até mesmo o intestino) em concentrações bem mais baixas. Conhecida também como “hormônio da escuridão”, é uma indolamina produzida a partir da metabolização da serotonina, sendo que essa síntese é inibida pela luz. Devido a essa regulação luminosa, o principal papel da melatonina é ditar o ritmo circadiano do organismo, uma vez que seus níveis informam ao meio interno se é dia ou noite; ainda, de acordo com as características de seu perfil plasmático, sinaliza também qual a estação do ano ao indicar as mudanças no tempo de luz e escuridão (como as noites mais longas no inverno). Essa modulação sazonal possui grande importância em animais que hibernam ou cujas características reprodutivas se relacionem à estação. A menor luminosidade do inverno propicia uma maior secreção de melatonina, que por sua vez suprime a secreção de hormônio gonadotrópico em algumas espécies de animais durante o período; com o gradual aumento da luminosidade no decorrer da estação, a inibição promovida pela pineal vai perdendo força, preparando esses animais para a atividade reprodutiva na primavera (HALL, 2011). Em seres humanos também já se demonstrou a participação da melatonina na modulação das funções reprodutivas. A puberdade coincide com um declínio nos níveis de melatonina; além disso, crianças que, por algum motivo, apresentam disfuncionalidade da pineal desenvolvem quadro de puberdade precoce. Na clínica corrente, observa-se que crianças com lesões na pineal são acometidas por puberdade precoce, graças à desrepressão da melatonina sobre as glândulas sexuais.

Para se compreender a relação da melatonina com o sono, estado fundamental para renovação celular, detoxificação do organismo, consolidação da memória, é importante esclarecer a fisiologia deste processo biológico. Existem 2 padrões de sono que foram determinados por análises eletroencefalográficas (EEG), eletrooculográficas (EOG) e eletromiográficas (EMG), sem movimentos oculares rápidos (NREM) e com movimentos oculares rápidos (REM). O sono NREM é subdividido em 4 estágios que variam da sonolência superficial (I) até a sua fase mais profunda (IV), em que é observado um aumento progressivo de ondas lentas ao EEG. Ele se inicia com a fragmentação do ritmo α, que ocorre durante o estado de vigília. A transição vigília­ sono inicia após um período de latência, cuja duração varia conforme o estado de "cansaço" do indivíduo. A medida com que as ondas α vão desaparecendo, inicia uma atividade mista de ondas φ (4 a 7 ciclos/ s) e β (> 13 ciclos/ s).

Com o aprofundamento para o estágio II, as ondas δ tornam-se mais frequentes e surgem os "fusos do sono" uma atividade rítmica de 12 a 14 ciclos/s. Surgem também os "complexos K", formados por ondas lentas bifásicas de alta amplitude e os POSTS (positive occipital sharp transients of sleep: elementos transientes positivos agudos occipitais do sono), fase mais profunda do sono NREM. Caracterizam este estágio: relaxamento muscular com tonicidade basal, redução dos movimentos corporais, aumento das ondas lentas no EEG, com funções cardiorrespiratórias normais. Cerca de 90 minutos após, ocorre o primeiro episódio de sono REM, ou sono paradoxal, com duração de 5­10 minutos. Ele é caracterizado por um padrão de atividade cerebral semelhante ao do estado de vigília, com ondas rápidas e de baixa voltagem as "ondas em dente de serra". Estas apresentam atividade rítmica entre a faixa δ e a faixa φ. O termo "paradoxal" se deve ao padrão eletroencefalográfico semelhante a vigília, apesar de ser o estágio de sono profundo com maior dificuldade em despertar; e a hipo ou atonia muscular, associada a movimentos fásicos e mioclonias multifocais em face e membros, além da emissão de sons. Diferente do que se postulava antigamente, o sono REM não é um estado de repouso absoluto que visa à economia energética. Pelo contrário, a atividade metabólica encefálica encontra­ aumentada, o que provavelmente relaciona-se a mecanismos de reparo celular. Os globos oculares sofrem abalos amplos e multidirecionais os "movimentos rápidos". Ocorrem irregularidades no padrão respiratório bradipneia, taquipneia e pausas inferiores a 10 segundos e cardíaco. É neste estágio que acontecem os sonhos, considerados uma manifestação de conteúdo em forma de enredo que envolve todas as funções sensoriais (Kasecker & Nunes, 2017).

A glândula pineal é conhecida como “terceiro olho”, devido à sua localização na parte central do cérebro, entre as sobrancelhas e também pela sua sensibilidade à luz. Além disso, a glândula pineal é considerada por algumas tradições esotéricas um meio de contato com o mundo espiritual, “o olho que tudo vê”. Já no Séc. XVII, o filósofo René Descartes defendia que a glândula pineal seria a “morada da alma” no corpo.

“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas. Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativos todo o entendimento à obediência de Cristo (2 Coríntios 10: 4-5)”.

 

Luísa Silva Nangi dos Santos, Lucas Silva Nangi dos Santos, Luciano Silva Nangi dos Santos, Maria Clara Nangi dos Santos e Silva, Diego Rodrigues Naves Barbosa Lacerda. A glândula pineal: interface entre ciência e espiritualidade. SANTOS, L. S. N. et al., et al (online).

Fernanda G. Kasecker, Carlos P. Nunes. Melatonina e glândula pineal. Revista da Faculdade de Medicina de Teresópolis V.1 / N.1 (2017).

Paula Silva

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quinta-feira, 17 de junho de 2021

SEXUALIDADE: A FORÇA QUE MOBILIZA O AMOR MESMO NA DOR


“A sexualidade não tem como uma única finalidade a procriação, mas a criação de um ambiente com novidades nas relações interpessoais”.

 

Na visão hebraica, os seres humanos possuem três dimensões que movem a vida em conjunto: a espiritualidade, a criatividade e a sexualidade.

Sendo assim, podemos fazermos uma breve reflexão sobre a história da sexualidade na humanidade.

A abordagem dos temas corpo, prazer e desejo pode ser investigada em distintos momentos da obra de Michel Foucault, e sua articulação se estabelece, especialmente, nos três volumes da História da sexualidade. Entretanto, como pano de fundo, questões relacionadas a um contraponto entre o pensamento foucaultiano e a psicanálise lacaniana. A temática do corpo recebe ênfases e desenvolvimentos diferentes conforme a perspectiva metodológica e o foco das pesquisas de Foucault nos campos do saber, do poder e da ética. Em um de seus primeiros livros, O nascimento da clínica (1963), Foucault busca entender as condições de possibilidade do aparecimento, no início do século XIX, da figura moderna, científica, da medicina: a anátomo-clínica. A doença deixa, então, de ser essência nosológica, espécie natural, estudada segundo o modelo da botânica, para ser considerada, segundo o modelo da anatomia, realidade localizada no espaço concreto, individual, do organismo doente. Essa atenção do médico para o singular, para o que é próprio de cada um, é o que fará Lacan citar esse trabalho de Foucault e destacar que, estruturalmente, a clínica psicanalítica encontra suas bases nesse momento do nascer da clínica médica, “momento originalmente recalcado no médico que a prorroga, transformando-se ele mesmo, a partir desse momento, cada vez mais no filho perdido” (LACAN, 1998 [1966], p. 326, nota 2). Entretanto, a partir da década de 70, quando ocorre um deslocamento de perspectiva no trabalho de Foucault, a partir de uma reformulação política, teórica e metodológica, que o corpo recebe mais destaque, por se constituir em um dos alvos privilegiados das relações de saber e poder (MACHADO, 1982). Trata-se, agora, de uma “anatomia política”, de uma “história dos corpos”. Na série de revoltas ocorridas nas prisões francesas nas décadas de 60 e 70, Foucault constata algo paradoxal nas reivindicações e objetivos desses movimentos: eram revoltas contra a miséria física das prisões (fome, superlotação, maus tratos), mas também contra seu “conforto” (os atendimentos médicos, psicológicos e as propostas educativas das prisões-modelo). Não eram, então, lutas apenas contra o aspecto decadente e reacionário das prisões, mas também contra seu aperfeiçoamento, sua modernização. Para Foucault, o que haveria de comum entre esses protestos, à primeira vista distintos, seria o fato de que ambos se rebelavam contra o investimento de poder em nível de corpo. A fim de compreender essa “anatomia política”, ele realiza em Vigiar e punir (1975)2 uma análise histórica de diferentes sistemas punitivos, desde os que utilizam métodos violentos até os que usam métodos “suaves”, não tomando, entretanto, como referência, a evolução das regras do Direito ou das ideias morais. Foucault parte justamente do pressuposto de que todo poder tem um “corpo”, pois se exerce por meio de diferentes mecanismos e instrumentos, sejam eles cadafalsos, cerimônias, muros, olhares, medicamentos ou diagnósticos. Sua “história dos corpos” busca pesquisar como o corpo foi percebido e valorizado na história. O autor constata que “as relações de poder operam sobre ele de modo imediato; elas o investem, o marcam, o dirigem, o supliciam, submetem-no a trabalhos, obrigam-no a cerimônias, exigem-lhe sinais” (FOUCAULT, 1983). O corpo não é, portanto, fixo ou constante, como quer a perspectiva naturalista, mas pode ser modificado, aperfeiçoado, e suas necessidades produzidas e organizadas de diferentes maneiras. Essa concepção traz a marca do pensamento nietzschiano, pois, segundo Foucault, a genealogia é um tipo de história que não se referência na consciência ou no Eu (com sua unidade e coerência), mas no corpo e em tudo que se relaciona com ele: a alimentação, o clima, os valores. O corpo, “lugar de dissolução do eu”, “volume em perpétua pulverização”, traz consigo “em sua vida e em sua morte, em sua força e em sua fraqueza” a inscrição de todos os acontecimentos e conflitos, erros e desejos (FOUCAULT, 1982, p. 22; Oscar Cirino, 2007).

A ideia de que a miséria sexual provém da repressão (que é também efeito do mesmo dispositivo que gerou a própria miséria) e que, para ser feliz, temos que liberar nossa sexualidade, advém dos sexólogos, dos médicos ou de outros detentores do saber, diz o autor. Estes apresentam a revelação (a eles) dos segredos que oprimem o indivíduo como solução das frustrações sexuais em busca da libertação. Tal discurso é, segundo FOUCAULT, um instrumento de controle e de poder, pois sustenta a ideia de que é suficiente, para ser feliz, ultrapassar o umbral do discurso e eliminar algumas proibições. Considera, então, que esse discurso acaba por depreciar e esquadrinhar os movimentos de revolta e libertação.

Tal pressuposto levou à compreensão (errônea, segundo o autor) de que não há diferença entre repressão e liberação do sexo, nem entre o discurso da censura e o da contra censura. Ele alega que os movimentos ditos de "liberação sexual" são movimentos de afirmação que partem do dispositivo da sexualidade (que nos aprisiona); são movimentos que fazem com que o dispositivo funcione até seu limite, mas que, em contrapartida, se livram dele e o ultrapassam. Não especifica, entretanto, que limite é este, nem detalha como os movimentos de libertação se livram e ultrapassam o dispositivo da sexualidade que oprimiu o sexo. Mas, é nesta perspectiva que apresenta a superação da repressão e da miséria sexual.

Segundo o autor, atualmente, está se esboçando um movimento contra esta "sexografia" que decifra o sexo como segredo universal. Trata-se de fabricar outras formas de prazer, de relações, de coexistências, de laços de amores. Em relação às crianças, começa a se esboçar um discurso em que a vida da criança consiste basicamente em sexualidade. Por isso questiona se tal discurso é libertador, se não aprisiona as crianças em um tipo de insalubridade sexual; se a liberdade de não ser adulto consiste justamente em não estar dependente de uma lei ou princípio, tão entediante, da sexualidade; e se não seriam as relações polimorfas (ou seja, as relações sem padrões de comportamento) a própria infância, caso isso fosse possível. Mas considera que o polimorfismo, ao contrário, é visto pelos adultos (por questão de segurança) como perversidade. Desta forma, a criança passa a ser oprimida inclusive por aqueles que pretendem libertá-la (Ribeiro, 1999).

É neste contexto, que na visão hebraica a sexualidade ganha uma perspectiva diferente das abordagens citadas acima. Para termos como uma lição de aplicação podemos usarmos como referência a história de um israelita líder do povo judeu, que recebeu uma missão de libertar o seu povo da opressão dos povos filisteus. Esse homem se chamava “Sansão”. Ele era um homem que tinha uma força fora do comum, no entanto, não foi capaz de dominar suas inclinações sexuais. Porém, por trás desta realidade havia um propósito para trazer uma grande lição tanto, para o povo judeu, quanto para os povos filisteus.

Os povos filisteus são frutos das trocas dos casais. Eles têm como significado do seu nome LIBERTINAGEM.

O maior prazer não estar na liberalidade, mas pela sua individualidade e identidade. O verdadeiro prazer estar naquilo que é proibido, no mistério. Na hora que você não tem restrição, você perde a noção do EU. Todo o relacionamento tem que ser uma mistura, daquilo que é agradável, confortável, mas também com aquilo que causa atrito. Se você não tem atrito, não gera o amor, porque ele é o resultado do aperfeiçoamento das relações nas suas diferenças. Além disso, na hora que você tira as leis, as restrições, você também perde a ESSÊNCIA DA SUA INDIVIDUALIDADE. Mas, por outro lado, nós temos um outro tipo de força que vem da nossa vulnerabilidade, da nossa fragilidade, onde podemos descobrir uma capacidade que nos ajuda a conter nossos instintos, para não usarmos as nossas energias na hora errada, com as pessoas que não irão contribuir com o nosso bem estar físico, mental, espiritual, social e sexual. Assim como aquela força de Sansão não vinha dele. Também, não podemos contar apenas com a nossa força humana, para conter os nossos instintos diante dos desafios no dia a dia das nossas vidas.

“Sansão clamou ao SENHOR e disse: SENHOR Deus, peço-te lembres de mim, e dá-me força só esta vez, ó Deus, para que me vingue dos filisteus, ao menos por um dos meus olhos”. Juízes 16:28

 

 

1.    Oscar Cirino. O desejo, os corpos e os prazeres em Michel Foucault. Mental- ano V - n. 8 - Barbacena - jun. p. 77-89, 2007.

2.    Moneda Oliveira Ribeiro. A sexualidade segundo Michel Foucault: uma contribuição para a enfermagem. Rev. Esc. Enf. USP. v. 33, n. 4, p. 358-63, dez. 1999.

Paula Silva

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quinta-feira, 10 de junho de 2021

A HARMONIA MENTAL NO PROCESSO DA RESTAURAÇÃO DO ESPÍRITO, ALMA E CORPO


“Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível”. Ellen G. White

PARTE I

A busca pelas conquistas dos bens materiais tem cobrado um preço bem alto, para os homens e as mulheres que desejam estar no topo da pirâmide do sucesso, bem como das pessoas que desejam conquistar os suprimentos das suas necessidades básicas da vida. Entretanto, o grande problema não estar nas conquistas, mas no preparo das nossas mentes para saber lidar com os obstáculos que teremos que encararmos no dia a dia.

A mente e o corpo há um relacionamento admirável e misterioso. Eles reagem um sobre o outro de uma forma muito inteligente. Logo, manter o corpo em estado sadio, a fim de que desenvolva a força, para que cada uma das partes dessa bela máquina viva possa agir harmoniosamente, deve ser o estudo prioritário ao longo das nossas vidas (Ellen G. White).

Além disso, negligenciar a forma como o corpo e a mente funcionam podem acarretarem sérios prejuízos para o desempenho das nossas atividades em todas as áreas da vida. Levando ao estado de doenças e enfermidades. Porém, para compreendermos melhor qual a diferença entre doenças e enfermidades, vou relatar de forma bem breve. A doença ela tem sua origem em uma disfunção orgânica, isto é, pode ser causado por um acidente, contaminação por uma substância tóxica, vírus, bactérias, fungos e, assim por diante. No entanto, para o desenvolvimento de uma enfermidade, já está diretamente ligado a desorganização do espírito com a alma, ou seja, existem barreiras que impedem uma atividade psíquica, juntamente com as ações divina, que para a nossa compreensão será sobrenatural. Esse tipo de enfretamento é necessário conhecimento prévio da nossa relação com aquilo que é espiritual. Mas, para ficar mais claro, devo exemplificar como os desejos carnais muitas vezes querem sobressair aos desejos do espírito. Isto é, eu quero praticar um tipo de violência, mas o espírito diz que devo ter uma paz interior que possa ajudar a reorganizar-me internamente, para controlar o que estar fora, mas nem sempre isso é possível, porque necessita de um exercício diário e, muitas vezes subestimamos aquilo que o nosso espirito diz para fazermos através da intuição. Uma das principais causas das enfermidades está ligada a imaginação não controlada, disciplinada, ajustada e direcionada de forma intencional.

A harmonia da criação depende da perfeita conformidade de todos os seres, de todas as coisas, animadas e inanimadas, com a lei do Criador. Deus determinou leis, não somente para o governo dos seres vivos, mas para todas as operações da natureza. Tudo se encontra sob leis fixas, que não podem ser desrespeitadas. Todavia, ao mesmo tempo em que tudo na natureza é governado por leis naturais, o homem unicamente, dentre todos os que habitam na terra, é responsável perante a lei moral, que rege a harmonia interna e externa visando o bem comum pessoal, familiar e da sociedade (Ellen G. White).

A capacidade de manter o autocontrole, de suportar o turbilhão emocional que o acaso nos impõe e de não se tornar um “escravo da paixão” tem sido considerada, desde Platão, como uma virtude. Na Grécia clássica, esse atributo era denominado sophrosýne, “precaução e inteligência na condução da própria vida; equilíbrio e sabedoria”, como interpreta Page DuBois, um estudioso do idioma grego. Para os romanos e para a antiga Igreja cristã isso significava temperantia, temperança, contenção de excessos. O objetivo é o equilíbrio e não a supressão das emoções: cada sentimento tem seu valor e significado. Uma vida sem paixão seria um entendimento deserto de neutralidade, cortados e isolado da riqueza da própria vida. Mas, como observou Aristóteles, o que é necessário é a emoção na dose certa, o sentimento proporcional à circunstância. Quando as emoções são sufocadas, geram embotamento e frieza; quando escapam ao nosso controle, extremadas e renitentes, ou seja, não se conforma, tornam-se patológicas, tal como ocorre na depressão paralisante, na ansiedade que aniquila, na raiva demente e na agitação maníaca. Na verdade, manter sob controle as emoções que nos afligem é fundamental para o bem-estar; os extremos nas emoções que vêm de forma intensa e que permanecem em nós por muito tempo minam a nossa estabilidade. Os altos e baixos dão tempero à vida, mas precisam ser vividos de forma equilibrada. Na contabilidade do coração, é a proporção entre emoções positivas e negativas que determinam a sensação de bem estar (Daniel Goleman).

É neste contexto, que a harmonia mental gera as condições ideias para evitarmos o descontrole que pode levar aos vícios, quer sejam substâncias psicoativas ou algum comportamento inadequado. Sendo assim, tirar um tempo durante o nosso dia para fazermos auto reflexões, orações, exercícios, meditações, ouvir uma boa música clássica ou de cunho espiritual, fazer uma caminhada. Tudo isso, pode funcionar como os mediadores para a harmonização do corpo, alma, espírito e mente.

“O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre”. Salmos 73: 26

 

1. Ellen G. White. Mente, Caráter e Personalidade, p. 12-15, 2013.

2. Daniel Goleman. Inteligência emocional [recurso eletrônico] / Daniel Goleman ; tradução Marcos Santarrita. – Rio de Janeiro : Objetiva, 2011.

 

Paula Silva

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quinta-feira, 3 de junho de 2021

LOGOSOFIA: A CIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO SER HUMANA


“O conhecimento que levou ao desenvolvimento do avião. Primeiro o homem sonhou em voar”. (Professor Paulo Picalho)

 PARTE I

Para a “Logosofia”, Deus é o Supremo Criador da Ciência Universal, porque todos os processos da criação se cumprem seguindo os ditados de sua Sabedoria. A ciência do homem é só um débil reflexo daquela, fonte permanente de todas as suas inspirações. Esta é a causa pela qual a logosofia menciona com frequência o nome de Deus. Um Deus despojado de artifícios que mostra aos seus súditos terrestre a plenitude de seu esplendor natural em sua Magna Ciência e, em sua Verdade Absoluta (Professor Paulo Picalho).

O autor, Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol), nascido em Buenos Aires, Argentina, em 11 de agosto de 1901, e ali falecido em 4 de abril de 1963, consagrou sua vida à realização da obra logosófica em prol da superação humana. A partir de 1930, iniciou a difusão de seus conhecimentos publicando livros em diversos gêneros literários, assim como revistas e jornais dedicados a explicar e difundir os conhecimentos logosóficos. Escreveu diversos artigos e ensaios para imprensa de vários países, pronunciou mais de mil conferências, manteve um intenso contato epistolar com estudiosos de Logosofia de todo o mundo e com personalidades da cultura das Américas e Europa.

Em 1962 fundou a primeira Escola Primária Logosófica em Montevidéu, que hoje está organizada no Sistema Logosófico de Educação com vários colégios de ensino fundamental e médio no Brasil, Argentina e Uruguai. O autor considerou essencialmente útil a publicação desta obra na qual aparece, descrita em termos amplos e profundos, uma parte ponderável da concepção logosófica e também uma extensa visão da obra logosófica com suas projeções para o futuro da humanidade.

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A sabedoria logosófica se caracteriza por sua originalidade, ao trazer como mensagem uma nova geração de conhecimentos relacionados com a vida interna do ser humano, seu processo de evolução consciente e as projeções metafísicas de seu espírito. Instituiu um método de aperfeiçoamento que ensina como percorrer cada trecho na formação de uma nova vida e na superação de todos os valores da inteligência e da sensibilidade. Os ensinamentos ministrados para esse fim, ao desenvolver as aptidões básicas do homem e determinar as normas que o processo de evolução consciente impõe, permitem o esclarecimento das ideias e a fecundação constante de outras novas, diretamente vinculadas à superação individual.

Para favorecer a realização de tais princípios e objetivos, no dia 11 de agosto de 1930 foi constituída a Fundação Logosófica, instituição que reúne em seu seio centenas de logósofos, que se orientam e se guiam seguindo suas disciplinas, sob o lema de princípios éticos superiores de respeito, tolerância e liberdade. Não escapará ao juízo de ninguém que, para consumar ideais tão nobres e grandes de aperfeiçoamento, teve-se necessariamente de criar um meio adequado às 14 circunstâncias que deviam envolver, de maneira igual, tanto o estudo como a investigação e a experiência, nos vastos domínios desta alta ciência. Pela primeira vez se ensaia no mundo um método tão eficaz para o esclarecimento das proposições que a inteligência tem formulado a si mesma sobre os enigmas da vida e os mistérios da figura humana, tão complexa em sua estruturação psicológica e espiritual. E isso se deve fazer, inevitavelmente, sobre a base do conhecimento de si mesmo em seu maravilhoso conteúdo e na dimensão de suas amplas projeções. Ninguém penetra em nossa Instituição, na qualidade de discípulo, sem ter formado, na etapa preliminar que deve cumprir como aspirante, um amplo conceito sobre este novo gênero de conhecimentos que haverá de enriquecer sua consciência. Ao ingressar, cada um o faz perfeitamente convicto, tanto da originalidade dos ensinamentos como da alta moral que seus inalteráveis princípios de bem prescrevem. Sabe que ensaiará um novo e edificante método de superação individual; que em Logosofia tudo é atividade, observação e prática vivente dos conhecimentos que se associam à vida; que poderá observar cada um dos que cultivam as excelências do espírito e trabalham por uma humanidade melhor, e aproveitar, na edificação da nova vida, os elementos construtivos que surjam de fatos ou circunstâncias vinculadas à sua evolução consciente em relação direta com a dos demais. A todos os discípulos assiste a mesma prerrogativa de observar, motivo pelo qual ninguém escapa a essa regra discreta, porém sutil, que o processo de evolução impõe. Esta nem sempre é cumprida, já que existe quem a esqueça pouco depois de ingressar, fato que obriga a reafirmá-la com oportunos chamados de atenção. Entretanto, um ser segue o esquecido por todas as partes e o observa permanentemente: ele mesmo, que, no final das contas, tem interesse nisso mais do que ninguém. A consciência, ativada, controla todos os pensamentos e atos do logósofo; isso, naturalmente, na medida em que ele evolui e dá a ela o legítimo direito de corrigi-lo, encaminhá-lo e auxiliá-lo. Enquanto isto ocorre, certos conhecimentos logosóficos fazem as vezes de consciência, facilitando o desenvolvimento interno inicial do ser e conduzindo-o, com mão firme, ao conhecimento de si mesmo.

Como conhecer essa inteligência dos processos que regem as nossas vidas?

Alguns exemplos destas “Leis” que são a expressão da vontade de Deus:

A Lei do Tempo; Lei da Evolução; Lei de Herança; Lei de Igualdade; Lei de Correspondência; Lei de Adaptação; Lei do Conhecimento; Lei do Afeto; Lei da Lógica; Lei do Conjunto; Lei da Conservação; Lei de Equilíbrio e assim por diante.

As leis me amparam em todos os processos de mudanças. Exemplo:

A Lei da Adaptação: Adaptar-se é preparar dentro de si as condições adequadas para que, o equilíbrio normal da vida perdure sem modificações, ainda que a vida se modifique tantas vezes quantas sejam necessárias ou reclamem as circunstâncias.

“A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria, emprega tudo o que possuis na aquisição de entendimento”. Provérbios 4:7

 

 

Fonte:

1.    Carlos Bernardo González Pecotche [Raumsol]. Introdução ao conhecimento logosófico. São Paulo 4a edição. Editora Logosófica, p. 2, 2019.

2.    Carlos Bernardo González Pecotche, 1901-1963. Exegese Logosófica. Tradução: Colaboradores voluntários da Fundação Logosófica (em Prol da Superação Humana) – 12. ed. – São Paulo: Logosófica, p. 13-15, 2016.

3.    Paulo Picalho. www.logosofia.org.br

 

 

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COMO CONECTAR A DIMENSÃO PSICOLÓGICA (O HOMEM INTERIOR) AO ESPÍRITO?

  “Se não mudar o que faço hoje, todos os amanhãs serão iguais a ontem”. (Millôr Fernandes) “Por isso, não desanimamos; pelo contrário, me...