quinta-feira, 24 de junho de 2021

UM SONO REPARADOR PARA EVITAR A DOR

 

“Os ritmos biológicos processam as atividades para harmonizarem o corpo, a alma, a mente e o espírito”.

 

Todas as atividades biológicas são respostas de uma sincronia bioquímica, emocional, mental que, elaboram os caminhos para as ativações dos processos dos sistemas do corpo humano. Sendo assim, vamos destacar o papel de uma glândula que é responsável pela o controle da qualidade do sono, bem como do desempenho energético e hormonal.

A glândula pineal era considerada um órgão vestigial até que, em 1958, Lerner e colaboradores enfim isolaram sua principal secreção, a melatonina. Desde então, extensas investigações têm sido feitas para caracterizar a função dessa substância no organismo. A melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina), é o principal produto de secreção da pineal, embora também seja produzida em outros locais (como retina e até mesmo o intestino) em concentrações bem mais baixas. Conhecida também como “hormônio da escuridão”, é uma indolamina produzida a partir da metabolização da serotonina, sendo que essa síntese é inibida pela luz. Devido a essa regulação luminosa, o principal papel da melatonina é ditar o ritmo circadiano do organismo, uma vez que seus níveis informam ao meio interno se é dia ou noite; ainda, de acordo com as características de seu perfil plasmático, sinaliza também qual a estação do ano ao indicar as mudanças no tempo de luz e escuridão (como as noites mais longas no inverno). Essa modulação sazonal possui grande importância em animais que hibernam ou cujas características reprodutivas se relacionem à estação. A menor luminosidade do inverno propicia uma maior secreção de melatonina, que por sua vez suprime a secreção de hormônio gonadotrópico em algumas espécies de animais durante o período; com o gradual aumento da luminosidade no decorrer da estação, a inibição promovida pela pineal vai perdendo força, preparando esses animais para a atividade reprodutiva na primavera (HALL, 2011). Em seres humanos também já se demonstrou a participação da melatonina na modulação das funções reprodutivas. A puberdade coincide com um declínio nos níveis de melatonina; além disso, crianças que, por algum motivo, apresentam disfuncionalidade da pineal desenvolvem quadro de puberdade precoce. Na clínica corrente, observa-se que crianças com lesões na pineal são acometidas por puberdade precoce, graças à desrepressão da melatonina sobre as glândulas sexuais.

Para se compreender a relação da melatonina com o sono, estado fundamental para renovação celular, detoxificação do organismo, consolidação da memória, é importante esclarecer a fisiologia deste processo biológico. Existem 2 padrões de sono que foram determinados por análises eletroencefalográficas (EEG), eletrooculográficas (EOG) e eletromiográficas (EMG), sem movimentos oculares rápidos (NREM) e com movimentos oculares rápidos (REM). O sono NREM é subdividido em 4 estágios que variam da sonolência superficial (I) até a sua fase mais profunda (IV), em que é observado um aumento progressivo de ondas lentas ao EEG. Ele se inicia com a fragmentação do ritmo α, que ocorre durante o estado de vigília. A transição vigília­ sono inicia após um período de latência, cuja duração varia conforme o estado de "cansaço" do indivíduo. A medida com que as ondas α vão desaparecendo, inicia uma atividade mista de ondas φ (4 a 7 ciclos/ s) e β (> 13 ciclos/ s).

Com o aprofundamento para o estágio II, as ondas δ tornam-se mais frequentes e surgem os "fusos do sono" uma atividade rítmica de 12 a 14 ciclos/s. Surgem também os "complexos K", formados por ondas lentas bifásicas de alta amplitude e os POSTS (positive occipital sharp transients of sleep: elementos transientes positivos agudos occipitais do sono), fase mais profunda do sono NREM. Caracterizam este estágio: relaxamento muscular com tonicidade basal, redução dos movimentos corporais, aumento das ondas lentas no EEG, com funções cardiorrespiratórias normais. Cerca de 90 minutos após, ocorre o primeiro episódio de sono REM, ou sono paradoxal, com duração de 5­10 minutos. Ele é caracterizado por um padrão de atividade cerebral semelhante ao do estado de vigília, com ondas rápidas e de baixa voltagem as "ondas em dente de serra". Estas apresentam atividade rítmica entre a faixa δ e a faixa φ. O termo "paradoxal" se deve ao padrão eletroencefalográfico semelhante a vigília, apesar de ser o estágio de sono profundo com maior dificuldade em despertar; e a hipo ou atonia muscular, associada a movimentos fásicos e mioclonias multifocais em face e membros, além da emissão de sons. Diferente do que se postulava antigamente, o sono REM não é um estado de repouso absoluto que visa à economia energética. Pelo contrário, a atividade metabólica encefálica encontra­ aumentada, o que provavelmente relaciona-se a mecanismos de reparo celular. Os globos oculares sofrem abalos amplos e multidirecionais os "movimentos rápidos". Ocorrem irregularidades no padrão respiratório bradipneia, taquipneia e pausas inferiores a 10 segundos e cardíaco. É neste estágio que acontecem os sonhos, considerados uma manifestação de conteúdo em forma de enredo que envolve todas as funções sensoriais (Kasecker & Nunes, 2017).

A glândula pineal é conhecida como “terceiro olho”, devido à sua localização na parte central do cérebro, entre as sobrancelhas e também pela sua sensibilidade à luz. Além disso, a glândula pineal é considerada por algumas tradições esotéricas um meio de contato com o mundo espiritual, “o olho que tudo vê”. Já no Séc. XVII, o filósofo René Descartes defendia que a glândula pineal seria a “morada da alma” no corpo.

“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas. Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativos todo o entendimento à obediência de Cristo (2 Coríntios 10: 4-5)”.

 

Luísa Silva Nangi dos Santos, Lucas Silva Nangi dos Santos, Luciano Silva Nangi dos Santos, Maria Clara Nangi dos Santos e Silva, Diego Rodrigues Naves Barbosa Lacerda. A glândula pineal: interface entre ciência e espiritualidade. SANTOS, L. S. N. et al., et al (online).

Fernanda G. Kasecker, Carlos P. Nunes. Melatonina e glândula pineal. Revista da Faculdade de Medicina de Teresópolis V.1 / N.1 (2017).

Paula Silva

Instituto Telifá & Automelhoramento

Psicanálise/Biomédica/Dependência Química/Espiritualidade

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