“O homem deixou de ter um corpo e passou a ser um corpo, para
conectar com uma alma que pode expressar a magia da vida plena nesta terra”.
Todos
os seres humanos neste momento histórico da humanidade, estão passando por um
processo de mudanças em alguma área das suas vidas. Mas, principalmente, no
contexto do papel do corpo humano. Segundo a tradição hebraica ministrada em
aula pelo Rabino Dudu, tem uma razão muito especial por traz de tudo isso. Cada
vez mais está claro, que a alma está ligada ao corpo. O corpo é o maior espelho
da alma. Entretanto, as religiões e tradições como o cristianismo, o islamismo,
o judaísmo e o budismo tinham uma visão distorcidas das funções do corpo em
relação a espiritualidade, logo lutavam contra o corpo, rejeitando o corpo,
porque consideravam ser um alvo para as tentações, ou seja, para praticar os pecados
que significa as transgressões das leis divina, bem como o autocuidado sendo
considerado como vaidade. Porém, a alma sem o corpo não consegue chegar à Deus.
Além
disso, houve grandes mudanças nos pensamentos humanos, devido uma visão
contemporânea cartesiana. O que isso significa para os dias atuais na
humanidade?
Segundo
Marcelo Correa Medeiros, estamos vivenciando uma análise crítica e
contemporânea da nossa sociedade, que certamente chegamos à conclusão de que o
nosso modelo de desenvolvimento está incompleto: realizamos grandes avanços
tecnológicos e econômicos, porém, não medimos as consequências; não percebemos
que a ideia de que “os fins justificam os meios”, amplamente aplicada nos meios
governamentais, empresariais e pessoais, está produzindo graves efeitos colaterais,
como o acelerado processo de destruição do planeta, do meio ambiente; a
exclusão e descaracterização do ser humano, a institucionalização da violência,
da corrupção, da falta de ética; desvalorização da vida, de um modo geral. Além
disso, um dos principais influenciadores do nosso modelo de desenvolvimento, é
o MÉTODO OU VISÃO CARTESIANA, que teve como idealizador o filósofo, físico e
matemático francês René Descartes (1596-1650). Seu foco é a ordem, a clareza e
a distinção, inspirado no rigor matemático e racionalista; o método de Descartes
é analítico, consiste em decompor pensamentos e problemas em suas partes componentes
e coloca-los em uma ordem lógica; baseia-se na fragmentação do pensamento
para facilitar a resolução de problemas, dividindo-os em partes.
É
inegável que o Método Cartesiano contribuiu para o desenvolvimento de teorias
científicas e, a realização de complexos projetos tecnológicos; contribuiu para
o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico da humanidade. Vivemos hoje
um processo de transição para a sociedade da informação ou do conhecimento,
tendo em vista a chamada “ubiquidade” (onipresença) das TIC – Tecnologias da Informação
e Comunicação; numa verdadeira revolução tecnológica, comparada inclusive com a
revolução industrial, em termos de impacto mundial. Devemos considerar ainda, a
influência da visão cartesiana aplicada na gestão empresarial, como a
departamentalização, segregação de funções e setores, organização e divisão de
tarefas, na estrutura organizacional e na otimização de resultados; entre
outros impactos relevantes no âmbito corporativo ou empresarial. Mesmo gratos e,
ao mesmo tempo impressionados com o nosso progresso econômico e principalmente tecnológico, não podemos deixar
de analisar esse desenvolvimento com uma visão crítica, considerando que a fragmentação
do pensamento, característica da visão cartesiana, nos ajudou a solucionar
problemas técnicos complexo, porém, teve como uma das consequências negativas,
o estabelecimento de uma visão míope do mundo, da realidade, das coisas; “vemos
a árvore, mas não conseguimos enxergar a floresta” , não conseguimos
ter a “visão do todo” ou a “visão sistêmica”, com impactos extremamente
limitadores do desenvolvimento sustentável de pessoas e consequentemente das
organizações.
Sendo
assim, o conhecimento, nessa nova perspectiva, dá-se a partir da própria
experiência do sujeito. Todo saber, seja ele científico ou não, deriva do mundo
vivido, ou seja, dos pensamentos, percepções e vivências na interação cotidiana
do mundo social. Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu sei a
partir de visão minha ou de uma experiência do mundo, sem a qual os símbolos da
ciência não poderiam dizer nada. O universo da ciência é construído sobre o
mundo vivido e, se queremos pensar a própria ciência com rigor, apreciar
exatamente seu sentido e seu alcance, precisamos, primeiramente, despertar essa
experiência do mundo da qual ela é a expressa. No caminho para a consciência
corporal vamos tomar como ponto de partida o conceito de corporeidade,
pois ele integra o que o ser humano é, e pode manifestar neste mundo. A
corporeidade nesta percepção rompe com o modelo cartesiano, não havendo
distinção entre essência e existência, ou a razão e o sentimento. O
cérebro não é o órgão da inteligência, mas o corpo todo é inteligente; nem o
coração, a sede dos sentimentos, pois o corpo inteiro é sensível (FREITAS,
1999, p. 62). Freitas corrobora com a ideia de que o corpo é ao mesmo tempo
sentimento, movimento e pensamento. Nesse sentido, a corporeidade implica a
inserção de um corpo humano em um mundo significativo, a relação dialética do
corpo consigo mesmo, com outros corpos expressivos e com os objetos do seu
mundo, significando dizer que se torna o espaço expressivo por demarcar o
início e o fim de toda ação criadora, o início e fim de nossa condição humana.
De forma que o nosso corpo, como corporeidade, como corpo vivenciado, não é o
início e nem o fim, é sempre o meio, no qual e por meio do qual o processo da
vida se perpetua. O corpo deixa de ser análise para se tornar síntese, bem como
o conceito de corporeidade situa o homem como um ‘corpo no mundo’, uma
totalidade que age movida por intenções ((NETO et al., 2007, p. 165; Rocha,
2009).
É
nesse contexto, que gostaria de finalizar com uma visão geral em relação a esse
tema a “Consciência Corporal”. O homem foi dotado de uma inteligência incrível,
porém, muitas pessoas estão com desordens comportamentais, devido a falta de
uso da mesma, ou seja, a sua capacidade, habilidade precisam serem
desenvolvidas a partir dos estímulos de forma intencional. A grande maioria das
pessoas que estão lutando com a depressão na verdade, estão com uma frustração
por não estar fazendo, o que deveria fazer ou, ser quem deveria ser, conforme o
propósito do criador do universo. Nós temos essa necessidade de conexão com a
alma, corpo e espírito para alargar as fronteiras internas e externas do homem.
Essa frustração é saudável, pois mobiliza o homem para a direção da mudança, do
autoconhecimento e fortalecimentos dos seus valores e crenças.
“Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito
Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de
vocês mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a
Deus com o seu próprio corpo”. 1 Coríntios 6:19-20
Fontes: 1.
Ione Paula Rocha. Consciência corporal, esquema corporal e imagem do corpo. Corpus
et Scientia, vol. 5, n. 2, p. 26-36, setembro 2009.
2. Marcelo
Correia Medeiro. Visão
Cartesiana x Sustentabilidade e Cooperação (administradores.com.br):
Acesso: 14.04.2021.
Paula Silva
Instituto Telifá & Automelhoramento
Psicanálise/Biomédica/Dependência
Química/Espiritualidade
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